Elden Ring: Nightreign representa uma reinterpretação ousada da fórmula tradicional da FromSoftware. Apesar de manter o combate exigente e meticuloso que caracteriza os jogos do estúdio, a novidade está na proposta cooperativa para três jogadores, inspirada em mecânicas de battle royale e roguelike. É um desvio claro do caminho habitual da desenvolvedora – algo que poderá não agradar a todos – mas a diversão é garantida.
O jogo situa-se num universo paralelo ao de Elden Ring, onde os jogadores têm como missão “repelir a noite”. Trata-se essencialmente de um spin-off não canónico, que reutiliza inimigos e elementos do jogo original para construir o que a FromSoftware define como um “RPG baseado em sessões”.
A jogabilidade gira em torno de ciclos de dia e noite. Durante o dia, que decorre em duas fases de cerca de 15 minutos cada, os jogadores devem acumular runas, melhorar as suas personagens e encontrar armas para montar o seu conjunto. Já à noite, enfrentam-se dois bosses aleatórios – retirados tanto de Elden Ring como da série Dark Souls – e, por fim, o Nightlord, um chefe exclusivo de cada sessão que representa o grande desafio final.
Durante o dia é possível ressuscitar colegas de equipa, à custa de um nível de progressão. No entanto, se os três jogadores forem derrotados em qualquer uma das lutas contra bosses, a sessão termina e será necessário começar do zero. Este sistema reforça a mecânica de risco e recompensa, tornando cada segundo de jogo valioso.
A construção de builds continua a ser um elemento fundamental, agora com um sistema mais direto e acessível. Há oito classes disponíveis, cada uma com habilidades passivas, alternativas e definitivas. Desde a capacidade da Duquesa de repetir dano recentemente infligido até ao gancho do Wylder que encurta distâncias, todas as classes oferecem opções distintas que se adaptam a vários estilos de jogo. Algumas ganharam destaque, como Ironeye, enquanto outras ficaram um pouco esquecidas, como o Executor.
Curiosamente, Nightreign elimina por completo a mecânica de armaduras, permitindo ao jogador concentrar-se exclusivamente nas armas. Para além do tipo de arma e das habituais cinzas de guerra, o destaque vai para os bónus passivos, que podem alterar significativamente a utilidade de um equipamento, mesmo que nunca seja empunhado.
Com seis espaços para armas, é possível beneficiar de efeitos como regeneração de vida ao eliminar inimigos, aumento da resistência em momentos críticos ou adição de dano elemental a todas as armas. Esta abordagem valoriza as sinergias e incentiva uma análise estratégica constante durante a sessão.
É neste ponto que a componente roguelike se torna mais evidente. Cada nova incursão em The Lands Between implica adaptação e improviso. Nos primeiros minutos, é essencial obter runas rapidamente, enfrentar bosses nos pontos de interesse e procurar frascos adicionais nos locais de Marika. Por vezes, a sorte não ajuda, mas com o tempo os jogadores aprendem a explorar o mapa de forma mais eficiente, descobrindo padrões e atalhos úteis.
Locais como igrejas em ruínas escondem bosses relativamente acessíveis e, quase sempre, uma chave Stonesword – permitindo assim o acesso a Evergaols, que oferecem recompensas valiosas como runas. Os acampamentos, por sua vez, estão geralmente associados a elementos específicos, o que significa que as recompensas estarão alinhadas com o tipo de dano infligido. E como cada Nightlord possui uma fraqueza elemental, é vantajoso focar nos acampamentos que melhor se adequam à estratégia final.
Para potenciar ainda mais as armas elementares, as minas subterrâneas escondem trolls que largam pedras de forja de nível dois – essenciais para evoluir o equipamento.
À medida que o jogador acumula conhecimento sobre o mundo, as sessões tornam-se mais calculadas. Saber se se está adiantado ou atrasado em relação à progressão ideal é parte do desafio. E é precisamente esta necessidade de planeamento e sinergia com os colegas que torna Nightreign tão envolvente.
No entanto, o jogo nunca permite que o jogador se acomode. Há sempre surpresas, armadilhas e mudanças imprevisíveis à espreita. Elden Ring: Nightreign não é apenas mais um derivado – é uma nova experiência que mantém o espírito da FromSoftware, ao mesmo tempo que experimenta novos caminhos.